Museu Municipal de Estremoz
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Joaquim Martins Carriço nasceu em 1936 na Aldeia de Cima, freguesia da Glória, do concelho de Estremoz, onde reside e teve o seu espaço de trabalho.

Cedo aprendeu a realizar todo o tipo de trabalhos, desde os ligados à vida do campo, aos das pedreiras, ou o de empregado numa grande unidade de distribuição de mercadorias.

Cedo também sentiu curiosidade por trabalhar a madeira e outros materiais, realizando objectos a que dava pouca importância... até que alguém lhos começou a vender. Ficou surpreendido pelo sucesso! Um dia decidiu começar ele mesmo a vender, para assim ter um maior domínio do seu produto.

Trabalha essencialmente a madeira e chifre. Prefere madeiras meio rígidas porque dão melhor definição ao trabalho, como laranjeira, ou buxo, o cedro, a cerejeira, entre outras.

Os instrumentos de trabalho mais básicos são pequenas serras, formões, goivas vulgares ou improvisadas pelo artesão, limas e lixa.

O trabalho em chifre é o que mais o motiva pela qualidade, duração e acabamento que proporcionam. Sendo o corno um material ordinário, permite trabalhos, graças ao tratamento e acabamento a que é sujeito, de grande qualidade e beleza.

As peças em madeira expostas no Museu Municipal de Estremoz, bem como algumas em chifre, são de natureza utilitária, dum tempo em que por força da situação económica havia que fazer objectos para uso caseiro ou ligados ao trabalho. Outras são simplesmente decorativas, fruto da sua farta imaginação.

As suas peças não são precedidas de esboço nem ensaio. Tudo lhe sai num momento criador característico apenas de quem tem uma apurada sensibilidade e mestria técnica. A obra vai acontecendo e sendo resolvida naquele momento criador em que, primeiro com o lápis, e depois com a afiada navalha na mão, começa a delinear e a escavar a peça. Mesmo sem esboço borda uma peça com perfeito sentido de espaço e forma, facto que torna a sua obra uma das mais completas na arte popular do século XX em Portugal.

Os motivos utilizados pelo artesão são os geométricos, os vegetalistas, zoomórficos, fantásticos e antropomórficos.

Hoje já não trabalha. Não deixa, no entanto, e sempre que solicitado, passar aos mais novos as suas ricas vivências e sabedoria de experiência feita.

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