O primeiro membro da Família Alfacinha conhecido foi Caetano Augusto da Conceição, o qual era natural de Lisboa (daí a alcunha de Alfacinha) e veio para o Alentejo estudar marcenaria na Casa Pia de Évora. Na capital alentejana fixou residência, indo depois para Reguengos de Monsaraz, onde pouco ficou, vindo a estabelecer-se definitivamente, em 1868, na então vila de Estremoz, na Rua dos Currais, na vizinhança do Mestre oleiro José Perninha.
Com este aprende a arte Oleira, numa oficina sita na antiga Fábrica de Moagem de Cereais, fundando depois, ainda no século XIX, uma oficina própria a que designou por Olaria Alfacinha. Fixou-a na Rua do Arco, no Castelo.
A Olaria Alfacinha revolucionou a tradicional olaria estremocense, criando novas peças e uma decoração baseada em motivos naturalistas embutidos. Ganhou diversos prémios e a olaria ficou de tal modo famosa e estimada que as peças produzidas eram vendidas a par da melhor loiça portuguesa nas melhores lojas de Portugal, havendo mesmo uma olaria em Lisboa que fazia imitações desta.
A família detém e trabalha na olaria até 1987 ano em que é vendida. Em 1995 a Olaria Alfacinha (Leonor das Neves da Conceição e Herdeiros, desde 1958) é extinta definitivamente.
Também no Figurado deixaram os Alfacinhas a sua marca. Incentivado pelo escultor gaiense José Maria Sá Lemos, Director da Escola de Artes e Ofícios de Estremoz, Mariano da Conceição (professor de Olaria nesta Escola), neto do fundador da Olaria, “pegou” na tradição bonequeira “bebendo” as técnicas centenárias de uma velhinha bonequeira, Ana das Peles. Em 1959, com a morte de Mestre Mariano, o Figurado ficou num impasse, depressa desfeito pela vontade de sua irmã Sabina, que apesar de uma falta de aprendizagem formal, se atreveu a dar caminho à modelação de bonecos, graças à familiaridade que representava para si o barro.
No início da década de 60, sua cunhada Liberdade da Conceição, viúva de Mestre Mariano, vira-se igualmente para os Bonecos. Ainda menina, Maria Luísa da Conceição, filha de Liberdade e Mariano, começa a ajudar sua mãe na pintura. Mestre Sabina em 29 anos de trabalho acolheu colaboradoras como Maria José Cartaxo da Conceição, Teresa Cid da Conceição (ambas cunhadas) Fátima Estroia (afilhada), Maria Inácia Fonseca Mateus e Perpétua Matilde Fonseca (as duas últimas futuras Irmãs Flores). As últimas três aprendentes decidem avançar depois da reforma desta no princípio dos anos 80 do século passado, para espaços próprios, dando assim novo alento à arte.
Em finais da década de 70 do século XX, Maria Luísa da Conceição, apesar de ter dois filhos a cargo e uma casa para cuidar, decide retomar, com obvio sacrifico pessoal, a tradição alfacinha no Figurado e dá inicio a um trabalho de grande qualidade.
Um dos seus filhos, Jorge Palmela, obviamente influenciado pela família, ainda dá uns passos na arte bonequeira, mas o amor pela electrónica falou mais alto e enveredou por essa área definitivamente. Não há continuidade, mas fica a história.